Dados importantes.
A Organização Mundial da Saúde (WHO,
2010) define a Depressão como um transtorno
mental comum que pode tornar-se crônico ou
recorrente, prejudicando consideravelmente a capacidade do indivíduo de lidar
com a vida diária, podendo ainda, em sua forma mais grave, levar ao suicídio.
Ainda conforme a instituição estima-se que até o ano de 2020 a doença passará do quarto lugar, como principal contribuinte para a carga global de doenças, para
a posição de segundo lugar, sendo que, já ocupa a liderança como principal
causa de anos vividos com incapacidade.
Em
2005 estimava-se um valor maior do que 340 milhões de pessoas como sendo
portadoras de algum estado depressivo em todo mundo, sendo que 75% delas não recebiam
qualquer tipo de tratamento (WMFH, 2005). Dados recentes publicados pelo IBGE (2010)
revelam que dos 59,9 milhões brasileiros entrevistados, que foram identificados como
portadores de doenças crônicas, por algum profissional da saúde, 4,1%
declararam-se portadores de depressão.
As classificações da doença depressiva no
grupo dos transtornos afetivos têm por base o quadro clássico de estado
depressivo quanto à intensidade apresentada, à sua evolução e duração, assim
como também à associação cíclica de humor exacerbado.
Didaticamente, classificam-se esses
transtornos do humor como depressões típicas e atípicas. As primeiras se
apresentam através dos episódios depressivos, enquanto as depressões atípicas
são aquelas que se manifestam predominantemente com sintomas somáticos
(físicos) ou de ansiedade (CAJAZEIRAS, 2010).
Baseado na Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 10), as
depressões podem ser classificadas como: 1) episódios depressivos – em que não
se encontra história pregressa, ou seja, que estejam se manifestando pela
primeira vez; 2) Transtorno depressivo recorrente: de caráter repetitivo, mas
sem antecedentes de mania; 3) Transtorno afetivo bipolar – pacientes variam do
estado depressivo para o estado maníaco; 4) Transtorno persistente do humor –
sintomas se mantêm por um longo período de tempo comumente de forma flutuante.
Os episódios atípicos envolvem estados de:
1) Ansiedade e depressão e 2) Depressão e transtornos somáticos; e ainda temos
estados depressivos relacionados a outras patologias.
Conforme análise de Del Porto (1999)
enquanto sintoma, a depressão pode ter a sua gênese em quadros clínicos
diversos – alcoolismo, demência, doenças clínicas, estresse pós-traumático,
esquizofrenia e ainda como resposta a situações estressantes; enquanto
síndrome, o estado depressivo pode incluir além de alterações do humor –
apatia, falta da capacidade de sentir prazer, irritabilidade – e uma gama de
outros aspectos que incluem alterações cognitivas, psicomotoras e vegetativas;
enquanto doença, a depressão tem sido classificada de várias formas, na
dependência do período histórico, da preferência dos autores e do ponto de
vista adotado.
fonte: google imagens. |
O desenvolvimento dos antidepressivos
tricíclicos (ADT) deu início ao tratamento farmacológico e a partir daí
surgiram explicações através de hipóteses biológicas, dentre elas sobressaem: a
bioquímica, a que implica alterações ao nível dos receptores e a que envolve o
sistema imunológico (FUENTES, 2000 citado por SILVA, 2006).
Silva (2006) relata a hipótese
monoaminérgica ou bioquímica defendendo que a partir dos mecanismos de ação dos
ADT há um aumento na disponibilidade sináptica dessas monoaminas que voltam ao
normal em certas áreas do cérebro, revelando que os neurotransmissores
(noradrenalina e serotononia) podem estar diminuídos nas sinapses em locais
específicos durante um episódio depressivo.
A hipótese sobre alterações de receptores
defende que a deficiência das monoaminas explica-se pela hipersensibilidade dos
receptores monoaminérgicos, na qual, por mecanismo de feedback, diminuiria a síntese e liberação dos neurotransmissores.
Desta forma, o estado depressivo poderia resultar de uma disfunção do número e
da sensibilidade dos receptores, provavelmente por determinação genética.
Avanços na biologia molecular demonstram alterações nos processos
intracelulares de neurônios pós-sinápticos, após administração crônica de
antidepressivos.
O cérebro pode afetar o sistema
imunológico através dos neurotransmissores e da ativação do eixo
hipotálamo-hipófise-adrenal, por outro lado, o sistema imune é capaz de
produzir substâncias e células que podem alterar a função de
neurotransmissores, modificando a função endócrina. Dentre essas substâncias
encontram-se as citocinas, que são fatores de comunicação entre células imunes
e outras célula periféricas, e acredita-se que quando liberadas contribuem para
alta taxa de transtorno de humor nos pacientes com outras doenças.
A necessidade de uma abordagem
multidisciplinar é necessária e se justifica pois existem diferentes
aspectos relacionados com a saúde integral do ser humano. Segundo Cajazeiras
(2010) é sabido que no processo de desencadeamento das causas de origem mista, diferentes
fatores devem ser considerados, dentre eles: fatores biológicos, psicossociais
e socioculturais, influenciando na gênese e, além disso, ressalta a introdução
do fator espiritual como fator primário.
- CAJAZEIRAS, F. A. C. Depressão – Doença da Alma: As causas espirituais da depressão, Capivari/SP: EME, 2010.
- DEL PORTO, J. A.; LARANJEIRAS, R. R.; MASUR, J. Escalas de Auto-avaliação de Estados Subjetivos: Influência das Instruções. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, n. 32, p. 87-90, 1983. 207p.
- IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008 - Um Panorama da Saúde no Brasil, 2010, disponível em:<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressaophp?id_noticia=1580>. Acesso em 19 ago. 2010.
- SILVA, P. Farmacologia, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 7ª ed., 2006, 1398p.
- WHO - World Health Organization, disponível em: <http://www.who.int/topics/depression/en/>. Acesso em 19 de ago. 2010.
- WFMH – World Federation for Mental Health, 2005 – Depression: The Painful Truth, disponível em: <http://www.breaking-through-barriers.com/po/survey.pdf>. Acesso em 19 ago. 2010.
*** Autor: Jeferson O. Salvi