terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Acupuntura Emagrece ? Parte I



Obesidade: Influência do Self.


Não é novidade que o peso do corpo depende do tipo, da quantidade e da qualidade dos alimentos que são ingeridos, além disso, temos as diferentes combinações que fazemos e, muito importante, o estado emocional durante o processo de alimentar-se e da digestão.


Temos a variação do metabolismo, inerente a cada um, que representa os complexos mecanismos bioquímicos e suas reações no organismo relacionados a intensidade do gasto calórico (energético) que pode ser ainda influenciado pelo estilo de vida, tabagismo, alcoolismo, etc.

Mas a nossa proposta a ser abordagem é outra! Vamos até a essência que constitui o pensamento humano para buscar resposta a uma simples questão: porque eu como tanto? Ou as suas derivações: porque eu sinto tanta vontade de comer, há uma causa psicológica como a Ansiedade? Estou deprimido?

Muitas das vezes para disfarçar ou esconder algum tipo de sofrimento e até minimizar um sentimento de perda, desenvolvemos um mecanismo de compensação que desequilibra o Self e desencadeia vicissitudes de diferentes intensidades que são incapazes de resolver a satisfação interna.


Neste primeiro momento vamos nos focar em explicar o conceito do Self.  O que seria esse tal de Self?

Jung, precursor da psicologia analítica, o colocou como autoridade no centro da vida psicológica, sendo um princípio unificador do psiquismo humano, interpretando a sua realização como o objetivo de uma destinação individual.

Inegavelmente o homem é o Self que define todos os seus valores, resultante do processo evolutivo, no qual o consciente e o inconsciente se apresentam como uma unidade.



Em síntese, trata-se de um termo utilizado para expressar a Força Vital que se manifesta no Universo e no Homem, neste caso, Self superior ou interior. 

Ao se conectar com o Self superior a pessoa se torna unificada com sua força vital e pode compartilhá-la e percebê-la nos que a rodeia, esta comunhão, envolve aquele que a manifesta através de um sentimento de paz interior, amor e sabedoria.

O Self inferior origina-se no momento do nascimento, é o Ego, caracterizado pela somatória dos medos e desejos, padrões negativistas de emoções, pensamentos e sentimentos. O egoísmo é a prática contraditória ao Self Superior, não há interesse na união, no compartilhar.

A personalidade do ser humano vai se formando a partir do confronto entre os dois Selfs, impulsos opostos que se complementam e atuam sobre a mente consciente para que tenhamos a oportunidade de vivenciar experiências distintas e, através do discernimento (livre-arbítrio) buscar o melhor caminho dentro das verdades que aceitamos e estipulamos corretas, dentro das limitações individuais.

A perda do contato com o Self superior manifesta-se por uma sensação de ausência/vazio (saudade: palavra maravilhosamente brasileira), descontentamento, desconforto, dor, medo, etc.

O Self inferior passa a governar, não há prazer na convivência, diante os problemas não se encontra uma oportunidade de crescimento, mas motivos para lamentações, demonstração de fraqueza, de autoridade, culpa-se os outros e a própria situação!

O mau hábito de queixar-se, de reclamar constantemente, do pessimismo, estimula a produção ou redução de neuropeptídios que desorganizam as sinapses e desestruturam a neurotransmissão, prejudicando a saúde emocional e promovendo o surgimento de uma disfunção metabólica.

Daí novamente voltamos às compensações que, além da comida, incluem as práticas desregradas de situações que envolvem: dinheiro, doença, drogas (medicamentos também), fantasia, religião, sexo, poder, violência, dentre outros.


Quando há o contato harmônico entre os dois Selfs o ato de alimentar-se possui alegria, envolvendo atenção e satisfação no seu preparo, reconhecimento da necessidade e disposição de um tempo para a ingestão, um sentimento de gratidão acompanha o ato, por tanto, o peso corporal estará em equilíbrio.

E o que e como fazemos? Comemos rápido na frente da televisão! Esquecemos que o estômago não possui dentes. Mastigamos, ou melhor, devoramos muitas vezes sem olhar para o prato. Preferimos coisas rápidas (fastfoods). Falamos enquanto comemos e assim engolimos ar também. Se engasgar ou ficar meio estufado? Água, refrigerante ou suco atrás!

E por quê? Porque não temos tempo! Atrasados, estressados e preocupados. Descansando... dormindo... estagnando...

O quanto sou importante para mim? Qual a última vez que acessei o meu Self superior? Não tenho tempo ou, na verdade, faço mal uso do meu tempo? Planejo ou gasto mais tempo compartilhando imagens (por que se tiver que ler muito, perco tempo) no facebook? Na frente da televisão, então.


Mas e agora? A Acupuntura emagrece?


A minha resposta é: depende!  



Ajuda e muito! Porque cada caso é um caso

Talvez você encontre testemunhos mirabolantes ou receba promessas de perder vários kg no mês.

Cuidado! O estímulo de acupuntos que promovam a perda de líquido pode dar uma falsa ideia de emagrecimento, além disso, elimina-se minerais e há o risco de desidratar o corpo!

Milagres, meus amigos, deixemos para os santos ou para procedimentos cirúrgicos que alteram o corpo.

Discutiremos os porquês, outros fatores, técnicas terapêuticas, pontos de acupuntura, e casos clínicos nos próximos artigos!



BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Problemas com o sono? (Parte II)

Vimos, anteriormente, que o ato de dormir não se trata apenas do descanso ou do cessar da atividade, mas um estágio onde nos apresentamos de uma forma distinta e complexa. Acessamos o mundo dos sentimentos e da intuição governados pelo lado direito do cérebro, em oposição ao domínio do lado esquerdo que se relaciona com as atividades físicas e da mente analítica.

Para a Medicina Chinesa os distúrbios do sono podem ser representados pela dificuldade em iniciar o ato de dormir, em manter o sono e pela sua qualidade, já que, para muitos o despertar é acompanhado de uma sensação de cansaço e desconforto físico que pode perdurar ao longo do dia.

Ansiedade, depressão, medo, preocupação e tensão nervosa, são alguns dos fatores comumente envolvidos no processo que desencadeia o desequilíbrio.  Há alteração do espírito do Coração (elemento fogo) com participação do tipo constitucional, personalidade, e do estilo de vida.

Hábitos irregulares de alimentação, como o consumo excessivo de alimentos gordurosos e condimentados, podem agravar o fogo do estômago impedindo o sono, todavia, para algumas pessoas a dificuldade pode ser dormir de estômago vazio, ou seja, o segredo está nas limitações próprias e no equilíbrio para alcançá-las.

Outro exemplo pode ser descrito como no excesso da atividade mental sem uma pausa programada, como muitos estudantes ou pessoas que levam trabalho para casa, praticam. Neste caso, há a estagnação do Qi do Baço e do Estomago envolvendo também deficiência do sangue do Coração e do Baço.

A escolha dos pontos ou da combinação de pontos deve objetivar, primeiramente, o tratamento do desequilíbrio através da harmonização dos 5 elementos, acalmando o Espírito do coração. 

Yintang

Também é possível agregar à terapia a utilização dos centros de energia: coronário (VG 20); Fronte (yin táng); Cardíaco (VC17), dentre outros, para estimular o reequilíbrio e, desta forma, tratar a causa e não apenas o sinal/sintoma insônia. Associar a terapia floral e a auriculoterapia é uma ótima escolha para que os resultados sejam obtidos de maneira mais rápida e que medidas preventivas, à médio e longo prazo, sejam tomadas.


VC17

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
  • ROSS, J. Combinações dos Pontos de Acupuntura, Roca, 2003;



terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Acupuntura dói ?


      
        Este é um questionamento muito comum por parte daqueles que almejam conhecer ou se tratar pela primeira vez com esta técnica.
De fato ela baseia-se na inserção de agulhas em pontos específicos do corpo, o que pode gerar algum desconforto para aqueles que já possuem certo receio por terem vivenciado enquanto crianças as tão temidas injeções. 

Embora ambos os processos sejam invasivos, as agulhas utilizadas para Acupuntura são mais finas ou menos calibrosas! Possuem a ponta semelhante à de uma espada promovendo apenas a perfuração e o afastamento das células da epiderme.

Achados arqueológicos revelaram diversos tipos de agulhas feitas de pedras, de ossos, de ouro, etc.
Atualmente as mais comuns possuem o corpo de aço inox, são esterilizadas e possuem diferentes dimensões que variam inclusive conforme a técnica a ser empregada.
Seu cabo possui uma constituição fisicamente distinta  (cobre ou alumínio envolto por fio metálico para conferir efeito sonelóide) de seu corpo (aço inoxidável, prata, ouro) para que ocorra uma diferença de potencial elétrico e o fluxo dos elétrons se dê em sentido único, direcionado para o acupunto. Para auxiliar e direcionar a agulha no processo de introdução existe o mandril  (representado em azul na figura).

Já as agulhas de injeção possuem uma região chamada bisel, o seu interior é oco para que o líquido a ser administrado passe através dela, fazendo com que ela seja mais calibrosa, por isso ela perfura e corta.


Mas a resposta ao questionamento proposto é bem simples: depende! Há o envolvimento de vários fatores, o primeiro e o mais óbvio é a qualificação do profissional que executa a técnica. Existe uma distinção entre Acupunturistas e colocadores de agulha, assim como em todas as profissões. Também existem alguns pontos que são mais sensíveis dada a natureza da sua localização, como por exemplo, os que ficam nas extremidades dos dedos ou perto de estruturas ósseas.

Portanto, se eu sei que meu paciente tem uma sensibilidade maior eu devo buscar uma alternativa para que ele não passe por este desconforto. Pode-se usar outra técnica dentro do universo que a Acupuntura engloba, posso utilizar o mesmo ponto na mão (Quiroacupuntura) ou estimular a Orelha (Auriculoterapia) fazendo uso de sementes ou da Magnetoterapia (imãs nos pontos).

Alternativas relativamente recentes também estão à disposição:  Acupuntura a laser, Cromoacupuntura, o aparelho Hai Hua, e as pastilhas Stiper desenvolvidas no Brasil.

Em alguns casos onde o medo está na ideia de estar com agulhas e não no processo de inserção delas, pode-se fazer uso da Terapia Floral para trazer maior segurança e confiança ao paciente.
Efeito comumente observado, quando do momento da inserção da agulha e que depende de características de cada pessoa, é a sensação de um leve choque (Te chi) que significa que o ponto da Acupuntura foi encontrado.


domingo, 19 de fevereiro de 2012

Problemas com o sono? Parte I

Uma breve abordagem sobre Insônia 



Dentre as queixas apresentadas pelos pacientes, durante a anamnese, certamente que os distúrbios do sono aparecem com uma frequencia relativamente alta. Ou há dificuldade em “pegar no sono” ou em mantê-lo, somado a isso, ao despertar, é comum aquela sensação de não ter descansado ou de sentir o corpo dolorido.
No Brasil estima-se que 36% da população adulta apresente esse distúrbio².
Para a Associação Brasileira do Sono¹, ele é definido como um estado onde há um nível de consciência diferenciado e complementar ao estado de vigília onde há uma pausa na capacidade de perceber os sentidos e da movimentação voluntária. Existem dois estágios diferentes: o sono sincronizado (NREM) e o sono dessincronizado (REM) que é chamado de sono dos sonhos onde há uma diminuição das freqüências cerebrais. Normalmente estes estágios se alternam de maneira cíclica durante a noite, repetindo-se de 70 a 110 minutos (4 a 6 ciclos) sendo que o sono REM predomina na segunda parte. Existem vários fatores que podem influenciar diretamente estes estágios, como a idade e a temperatura ambiente.
Embora os mecanismos que o envolvam possam parecer complexos, dormir apresenta a simplicidade de restaurar um débito energético, como função. Também existem outras possíveis funções envolvidas (especialmente no sono REM) tais como: manutenção da homeostase e consolidação da memória.
Um agravante comum está na cronicidade deste distúrbio muitas vezes desencadeada pela não aceitação do problema ou pela busca tardia de algum tratamento, o que pode contribuir para o aparecimento de outras patologias como a depressão e o diabetes.

http://www.guiadosono.com/

Qualquer terapia farmacológica deve exigir um acompanhamento profissional para que se faça o uso racional da droga, todavia, a escolha e a prescrição de medicamentos controlados (ansiolíticos, hipnóticos e sedativos) nem sempre é uma alternativa segura e eficaz. Devemos considerar os efeitos colaterais e a tolerância que o organismo desenvolve com o passar do tempo, temos ainda, o problema de se tratar o sintoma e não propriamente a causa ou o gatilho que leva o corpo a se expressar desta forma.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS:

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Depressão - Caso Clínico

Caso Clínico: Tratamento de transtorno depressivo com Auriculoterapia.




Mulher, 25 anos, procurou pela primeira vez tratamento com acupuntura queixando-se de dores por toda coluna vertebral, especialmente na região lombar. Relatou desânimo, falta de iniciativa e confiança em si e nas pessoas a sua volta. Apresentava certa dificuldade para pegar no sono e a qualidade deste estava prejudicada, conforme suas palavras: “parece que eu durmo e não descanso”. Durante a anamnese relatou ser diagnosticada pela medicina convencional como depressiva, faz tratamento farmacológico com medicamentos controlados para o estado depressivo e para indução ao sono.
A técnica empregada foi a Auriculocibernética (SOUZA, 2007) na qual se utiliza a introdução das agulhas em três pontos chaves nesta ordem: Shenmen, Rim e Simpático.
A seguir colocaram-se os pontos relacionados com as queixas do paciente e com o diagnóstico clínico, pontos diagnósticos que indiquem doenças foram puncionados por último. O paciente permaneceu de maneira confortável, geralmente em decúbito dorsal.
A exceção da utilização do lado dominante do paciente acontece quando se utiliza pontos bilaterais ou pontos que correspondem ao lado da região ou órgão a ser tratado do lado oposto do mesmo.
No retorno do paciente para uma nova sessão, novamente a anamnese foi realizada, então se investigou os resultados obtidos e novos pontos foram escolhidos com base nos achados, porém, os pontos da cibernética permaneceram inalterados.
Para avaliar a eficácia do tratamento com base na melhora dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente, propusemos a utilização de testes como ferramentas para este fim, já que encontramos na literatura discussões e resultados que se mostraram satisfatórios em diferentes trabalhos quando empregados.
Aplicada após o término de cada sessão, a escala visual analógica para satisfação (EVA-S) foi desenvolvida para que a opinião da voluntária seja quantificada e os resultados obtidos sejam considerados domínios expressivos usuais para avaliação do segmento terapêutico utilizado. 

Resultado

Os resultados obtidos com a EVA-S foram comparados com a evolução da qualidade de vida da voluntária, mensurada através de questionamento da melhora na qualidade de vida (CICONELLI et al, 1999). Esta versão brasileira do teste (Brasil SF-36) foi desenvolvida a partir da versão inglesa Medical Outcomes Study (STEWARD; WARE, 1992), construído para satisfazer normas psicométricas necessárias para comparações intergrupais. Dos quarenta conceitos sugeridos no estudo, oito foram selecionados: capacidade funcional, aspectos emocionais e físicos, dor, estado geral da saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos e saúde mental.



Através da comparação dos valores totais obtidos com os testes, fica evidente o aumento progressivo dos resultados que refletem a melhora do prognóstico e a eficácia da terapia utilizada. Ao concordarem entre si, o resultado do teste de auto-avaliação desenvolvido (EVA-S) é validado pelo teste sugerido (QSF-36).
Portanto observou-se que a Auriculoterapia foi eficaz para o tratamento da depressão e melhora da qualidade de vida da voluntária tratada neste estudo de caso.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


  • CICONELLI, R. M.; FERRAZ, M. B.; SANTOS, W.; MEINÃO, I.; QUARESMA, M. R.; Tradução para a língua portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF-36). Revista Brasileira de Reumatologia, v. 39, n. 3, 1999.

  • SOUZA, M. P. Tratado de Auriculoterapia, Brasília/DF: Novo horizonte, 2007b. 358p.









quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Vamos Falar de Depressão ? - Parte V



O Lado Bom da Depressão ?

Dando continuidade ao assunto, o propósito deste artigo é o de fazer uma breve análise sobre o que avaliamos até agora.
O próprio tema (Depressão) exige que tenhamos cautela e façamos uma pausa para que  seja feita uma breve análise, principalmente porque se trata de algo delicado para aqueles aptos a desenvolverem ou puxarem o gatilho que leva ao estado depressivo.
Dentre as variadas e inúmeras literaturas disponíveis, gostaria de compartilhar um breve resumo de um artigo publicado na edição 212 da Revista Mente e Cérebro (2010)*. A capa chama a atenção: “O lado bom da Depressão”, logo de início podemos nos perguntar: existe um lado bom? Claro que se considerarmos o estado depressivo como uma patologia sem cura ou uma cruz a se carregar, a resposta é óbvia.
Os autores ressaltam a depressão como uma resposta do corpo humano para adaptar-se e proporcionar melhores condições na resolução de problemas. Tal capacidade foi preservada ao longo da evolução sendo o rebaixamento do humor a expressão desta adaptação. Esta hipótese baseia-se na composição química do cérebro, em específico o receptor 5-HT aonde se liga a uma substância chamada serotonina diretamente ligada ao processo depressivo. Testes em cobaias determinaram que aquelas desprovidas deste receptor apresentaram menos sintomas depressivos, enfatizando que a preservação da molécula é de tão importância que a seleção natural tratou de conservá-la ao longo dos milênios.
Alguns pontos importantes explicam e nos levam a compreender os possíveis sinais ou sintomas apresentados por alguém deprimido:
·    O isolamento ajuda o deprimido a evitar situações que o levariam a pensar em outros assuntos;
·   A incapacidade de obter prazer com sexo ou em outras atividades evita o envolvimento com o que tiraria o foco do problema;
·    A falta ou a perda do apetite também tem o objetivo de livrá-lo da distração para que ele se concentre no que realmente incomoda.
Afirmam ainda que as terapias mais eficientes sejam as que incentivam os pacientes a observarem a essência dos próprios pensamentos para que desta forma encontrem as soluções para os seus problemas.
Entender o que passa na mente de alguém com Depressão certamente é tão difícil quanto conviver e tentar ajudar, todavia, relembro o que foi discutido no primeiro artigo publicado neste blog e compartilho a ideia desta revista: sim existe um lado bom!
Na depressão a mente se torna mais analítica e concentrada, apesar do sofrimento e da incapacitação momentânea que podem interferir.
O mais importante é o auto-reconhecimento de que algo está diferente, não propriamente errado.
Não há com que se envergonhar! Hoje em dia não conversar com alguém capacitado para isto ou não buscar a informação, é meramente ignorância ou desleixo. Sim! Porque são muitos os que se escondem atrás de doenças buscando a atenção que julgam serem dignos, mas não encontram.
O que mais ouço durante as avaliações, apor aqueles que acompanham pacientes em estados depressivos, na maioria das vezes “em off ”, é que eles já não aguentam ou estão prestes a se tornarem depressivos também! Ou seja, a consciência de que o coletivo ou mais pessoas possam sofrer junto, quando não expressada, além de carência afetiva expressa o egoísmo dando suporte.
Sentir-se deprimido, por tanto, deveria estimular a auto-reflexão de que os sentimentos existem e de que existe uma reação à aquilo ou ao conjunto daquilo que ocasionou o estado depressivo. 
O objetivo é buscar soluções para enfrentar o problema sem camuflá-lo.
A filosofia chinesa em relação aos sentimentos, a qualquer que seja, em síntese determina: sinta-os mais os deixe partir! Ou seja, se estou triste devo chorar, devo reconhecer que sou sensível como qualquer outra pessoa (e às vezes por muito menos) e deixar a tristeza ir embora! Com a felicidade é a mesma coisa! Quem nunca se incomodou com aquela pessoa que expressa felicidade excessiva? Si recebo uma notícia boa hoje, ótimo! Comemoro, mas amanhã não preciso continuar comemorando, apenas interiorizo esta felicidade e me ponho disponível ao que venha acontecer futuramente, vivendo o presente. Não preso ao passado nem ao futuro.
Namastê!


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
  • Andrews, P. W. and Thonson, J. A., Revista Mente e Cérebro nº212, 2010. 

*Segue o link da revista, caso alguém tenha interesse em adquirir: (https://www.lojaduetto.com.br/produtos/?idproduto=1608&action=info)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Vamos Falar de Depressão ? - Pate IV

CONCEITOS ESPIRITUALISTAS


 A proposta deste tópico não é a de discutir ou de criticar qualquer parâmetro religioso ou dogmático, pelo contrário, é a de elucidar quaisquer tabus e eventuais questionamentos existentes, pois é sabido que certos estados depressivos muitas vezes foram e são interpretados como uma doença da alma e a busca por terapias baseadas em crendices religiosas é bastante comum.
Para Solomon (2004) existe uma distinção entre religião e espiritualidade, a primeira pode ser definida como uma instituição social e não espiritual, a segunda demonstra certa ligação com a ciência que aprimora o conhecimento e acaba por aprofundar a espiritualidade. 
O médico e professor Cajazeiras (2010), em sua obra, reflexiona que para uma melhor compreensão da hipótese espiritista é imprescindível reconhecer que a visão espírita da etiopatogenia não é mística nem sobrenatural, pelo menos no que respeita ao significado atribuído a ambos. A ciência e a filosofia espírita adotam a lógica e a razão, demonstrando em primeiro lugar, a concretude do espírito, como ser circunscrito, não mais abstrato, baseado no modelo estrutural proposto em obras básicas da doutrina.
Franco (2001) afirma que existe uma linha muito estreita separando a sanidade do desequilíbrio mental e há certa facilidade em transitar de um lado para o outro sem que se perceba uma mudança comportamental expressiva. 
Por meio da manutenção da saúde perispiritual ou da sua disfuncionalidade vibratória, há uma identificação com os genes compatíveis com suas necessidades evolucionais, formando-se um novo corpo; nos casos disfuncionais, o corpo poderá apresentar repercussões mais profundas e imediatas ou comportar predisposição a certos estados nosológicos, a depender da responsabilidade, da intensidade e cronicidade do problema que o individuo criou no usufruto do seu livre-arbítrio.
O estado patológico pode manter-se latente durante toda vida, já a predisposição pode desencadear-se conforme a natureza da reação às diferentes experiências vivenciadas no mundo físico, além disso, a distensão no tempo e a fixação no psiquismo resultam o processo do adoecer. A herança biológica seria uma simples conseqüência da herança espiritual, haja vista que o perispírito se modela de acordo com o espírito que o organiza e o mantém.
grosseria dos sentimentos motivada pela busca desenfreada pelo prazer desmedido acaba por resultar no desenvolvimento de hábitos e viciações nocivos que também ocasionam ou agravam o estado depressivo.
As Emoções ou sentimentos negativos estariam relacionados com o grau de afetação íntima, a partir de sua ação e repercussão sobre defeitos que podem ser vistos como elementos desencadeantes ou agravantes dos estados depressivos.
O orgulho poderia ser visto como causa primária, pois é a doença do ego que se encontra no processo de busca por privilégios. A raiva, a mágoa e o ódio possuem ação lesiva sobre os tecidos perispirituais culminando na eclosão ou no agravamento de enfermidades relacionadas com a patologia depressiva, tais como cardiopatia coronária e câncer. A inveja e o ciúme são resultados da preocupação excessiva com a possibilidade de ser desprezado e à incerteza quanto à sua importância e o valor pessoal. A culpa é a reação natural quanto à compreensão de falhas e ao dever relativo à convivência e a consciência (CAJAZEIRAS, 2010).



BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
  • CAJAZEIRAS, F. A. C. Depressão – Doença da Alma: As causas espirituais da depressão, Capivari/SP: EME, 2010. 207p.
  • FRANCO, D. P.; MIRANDA, M. P. (Esp) Nas fronteiras da loucura, Salvador/BA: Livraria Espírita alvorada, 11ª ed., 2001, 303p.
  • SOLOMON, R. Racionalidade e espírito. Revista Galileu. Ed. Globo, n. 150, p. 40 2004.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Vamos Falar de Depressão ? Parte III

O estado depressivo interpretado pela Medicina Chinesa.


google imagens
A medicina tradicional chinesa concentra-se na observação dos fenômenos da natureza e no estudo e compreensão dos princípios que regem a harmonia nela existente. Submetidos às mesmas influências, o universo e o ser humano, são partes integrantes do universo como um todo e, desta forma, a observação dos fenômenos que ocorrem naturalmente no primeiro, por analogia, estendem-se às leis fisiológicas presentes no segundo que é capaz de reproduzir os mesmos fenômenos naturais (YAMAMURA, 2001).
Ross (1994) reflexiona que as atividades mentais, bem como as vitais, são produtos resultantes das atividades funcionais dos órgãos e das vísceras. O coração (Xin) é considerado o principal órgão de controle das atividades mentais administrando a função fisiológica do cérebro, tendo como função ainda, o domínio sobre a consciência, o espírito, o raciocínio e o sono, sendo o sangue (Xue) a principal base material das atividades mentais do corpo humano.
O Fígado (Gan) está relacionado às atividades emocionais e possui a função de controlar o humor. Um estado depressivo prolongado ou um acesso de raiva podem enfraquecer o fígado de forma a torná-lo incapaz de estimular o fluxo livre de Qi. Do contrário, a disfunção do Fígado geralmente é acompanhada de alterações emocionais, tais como depressão e irritação (MACIOCIA, 1996).
O papel do Pulmão (Fei) no processo depressivo está quando a função de propulsão e descendência da água, a fleugma e a umidade se estagnam, ascendem e transformam a mente, podendo provocar enfermidades mentais, uma vez que, o órgão é responsável pelo controle do Qi, pela respiração e pela canalização da via das águas (ROSS, 1994).
O Estômago (Wei) se encarrega de receber o alimento e o Baço-Pâncreas (Pi) de transformar e transportar, em conjunto administram a digestão dos alimentos e das bebidas, a assimilação, o transporte e a distribuição da essência. Se o Baço-Pâncreas perder sua função normal, o Qi e o sangue perdem sua fonte de origem e a mente fica mal nutrida, a água e a umidade se acumulam produzindo fleugma que ascende atacando o coração e a mente podendo desencadear enfermidades mentais.
O canal de circulação da sexualidade (Pericário) é responsável pela transmissão das ordens do Coração e por administrar as atividades emocionais, todavia a disfunção de qualquer órgão exerce influência negativa nas atividades mentais. O sono também influencia no estado das atividades mentais que uma vez calmas e equilibradas conduzem o indivíduo a um sono revitalizante (MACIOCIA, 1996).
  • Depressão Água:  O paciente depressivo água caracteriza-se por apresentar medo e fobia sem causa aparente, em ocasiões de risco reduzido, hesita em encarar ou não consegue lidar com a situação. Apresenta apatia, falta de iniciativa, falta de confiança na capacidade de resolver situações (de qualquer natureza), sensação de impotência (inclusive sexual), podem ser pacientes que enfrentam problemas gênito- urinários. 
  • Depressão Terra: As características do paciente depressivo terra incluem desconexão na matriz emocional do elemento, podendo tornar-se antipático, preocupa-se excessivamente, pode apresentar confusão e opressão torácica. Podem ser indivíduos que se mostram independentes, mas que no fundo são extremamente carentes, também há chances de apresentarem dificuldades de concentração
  • Depressão Fogo: envolve problemas afetivos ligados a rejeição e desapontamentos em relacionamentos interpessoais: alegria, amor e razão compõem a base da matriz emocional do coração chamada de Shen que é responsável pelo sentido inato da harmonia e da perfeição. Esse tipo de depressão é acompanhada por uma frieza e distância do paciente em relação a novos relacionamentos, há agitação excessiva e em casos extremos, pode gerar comportamentos maníaco-depressivos.
  • Depressão Metal: geralmente é decorrente de perdas materiais. A matriz emocional do elemento é a tristeza que tem a capacidade de direcionar o indivíduo à aceitação, que é a expressão máxima deste. O indivíduo geralmente está ou sente-se de alguma forma, desprotegido. A falta de proteção relaciona-se a aspectos físicos e materiais, por exemplo: a morte de um ente querido, podendo levar a estados de melancolia e resignação.
  • Depressão Madeira: provocada por excesso de tensão e pressão, evidencia-se em situações de estresse contínuo e de fracasso.  Este estado depressivo é ocasionado pela estagnação do Qi no fígado. Os pacientes possuem o perfil de trabalharem duro, serem ambiciosos, mas subitamente perdem a direção e sua objetividade, quando forçosamente experimentam mudanças repentinas perdem o sentido de viver, daí vem a frustração acompanhada pelo colapso e a falta de perspectiva.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:


MACIOCIA, G. Os Fundamentos da Medicina Chinesa, Ed. Roca LTDA, 1ª ed., 1996, 934p.

ROSS, J. Zang Fu: Sistemas de órgãos e vísceras da medicina tradicional chinesa, Tradução de Ysao Yamamura, São Paulo: Roca, 2ª ed., 1994, 286p.

YAMAMURA, Y. Acupuntura Tradicional Chinesa: A arte de inserir, São Paulo: Roca, 2ª ed., 2001, 919p.

Vamos Falar de Depressão - Parte II


Dados importantes.


A Organização Mundial da Saúde (WHO, 2010) define a Depressão como um transtorno mental comum que pode tornar-se crônico ou recorrente, prejudicando consideravelmente a capacidade do indivíduo de lidar com a vida diária, podendo ainda, em sua forma mais grave, levar ao suicídio. Ainda conforme a instituição estima-se que até o ano de 2020 a doença passará do quarto lugar, como principal contribuinte para a carga global de doenças, para a posição de segundo lugar, sendo que, já ocupa a liderança como principal causa de anos vividos com incapacidade.
Em 2005 estimava-se um valor maior do que 340 milhões de pessoas como sendo portadoras de algum estado depressivo em todo mundo, sendo que 75% delas não recebiam qualquer tipo de tratamento (WMFH, 2005). Dados recentes publicados pelo IBGE (2010) revelam que dos 59,9 milhões brasileiros entrevistados, que foram identificados como portadores de doenças crônicas, por algum profissional da saúde, 4,1% declararam-se portadores de depressão.
As classificações da doença depressiva no grupo dos transtornos afetivos têm por base o quadro clássico de estado depressivo quanto à intensidade apresentada, à sua evolução e duração, assim como também à associação cíclica de humor exacerbado.
Didaticamente, classificam-se esses transtornos do humor como depressões típicas e atípicas. As primeiras se apresentam através dos episódios depressivos, enquanto as depressões atípicas são aquelas que se manifestam predominantemente com sintomas somáticos (físicos) ou de ansiedade (CAJAZEIRAS, 2010).
Baseado na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 10), as depressões podem ser classificadas como: 1) episódios depressivos – em que não se encontra história pregressa, ou seja, que estejam se manifestando pela primeira vez; 2) Transtorno depressivo recorrente: de caráter repetitivo, mas sem antecedentes de mania; 3) Transtorno afetivo bipolar – pacientes variam do estado depressivo para o estado maníaco; 4) Transtorno persistente do humor – sintomas se mantêm por um longo período de tempo comumente de forma flutuante.
Os episódios atípicos envolvem estados de: 1) Ansiedade e depressão e 2) Depressão e transtornos somáticos; e ainda temos estados depressivos relacionados a outras patologias.
Conforme análise de Del Porto (1999) enquanto sintoma, a depressão pode ter a sua gênese em quadros clínicos diversos – alcoolismo, demência, doenças clínicas, estresse pós-traumático, esquizofrenia e ainda como resposta a situações estressantes; enquanto síndrome, o estado depressivo pode incluir além de alterações do humor – apatia, falta da capacidade de sentir prazer, irritabilidade – e uma gama de outros aspectos que incluem alterações cognitivas, psicomotoras e vegetativas; enquanto doença, a depressão tem sido classificada de várias formas, na dependência do período histórico, da preferência dos autores e do ponto de vista adotado.
fonte: google imagens.
Além do humor deprimido (ou maníaco), a manifestação de determinados fenômenos tais como alterações no sono, alterações no apetite, agitação ou retardo psicomotor, fadiga, culpa excessiva, pensamentos de morte, ideação suicida, tentativa de suicido, etc., definem o quadro nas suas subdivisões em transtornos depressivos, transtornos bipolares e outros transtornos do humor.
O desenvolvimento dos antidepressivos tricíclicos (ADT) deu início ao tratamento farmacológico e a partir daí surgiram explicações através de hipóteses biológicas, dentre elas sobressaem: a bioquímica, a que implica alterações ao nível dos receptores e a que envolve o sistema imunológico (FUENTES, 2000 citado por SILVA, 2006).
Silva (2006) relata a hipótese monoaminérgica ou bioquímica defendendo que a partir dos mecanismos de ação dos ADT há um aumento na disponibilidade sináptica dessas monoaminas que voltam ao normal em certas áreas do cérebro, revelando que os neurotransmissores (noradrenalina e serotononia) podem estar diminuídos nas sinapses em locais específicos durante um episódio depressivo.
A hipótese sobre alterações de receptores defende que a deficiência das monoaminas explica-se pela hipersensibilidade dos receptores monoaminérgicos, na qual, por mecanismo de feedback, diminuiria a síntese e liberação dos neurotransmissores. Desta forma, o estado depressivo poderia resultar de uma disfunção do número e da sensibilidade dos receptores, provavelmente por determinação genética. Avanços na biologia molecular demonstram alterações nos processos intracelulares de neurônios pós-sinápticos, após administração crônica de antidepressivos.
O cérebro pode afetar o sistema imunológico através dos neurotransmissores e da ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, por outro lado, o sistema imune é capaz de produzir substâncias e células que podem alterar a função de neurotransmissores, modificando a função endócrina. Dentre essas substâncias encontram-se as citocinas, que são fatores de comunicação entre células imunes e outras célula periféricas, e acredita-se que quando liberadas contribuem para alta taxa de transtorno de humor nos pacientes com outras doenças.
A necessidade de uma abordagem multidisciplinar é necessária e se justifica  pois existem diferentes aspectos relacionados com a saúde integral do ser humano. Segundo Cajazeiras (2010) é sabido que no processo de desencadeamento das causas de origem mista, diferentes fatores devem ser considerados, dentre eles: fatores biológicos, psicossociais e socioculturais, influenciando na gênese e, além disso, ressalta a introdução do fator espiritual como fator primário.



Referências Bibliográficas
  • CAJAZEIRAS, F. A. C. Depressão – Doença da Alma: As causas espirituais da depressão, Capivari/SP: EME, 2010.
  • DEL PORTO, J. A.; LARANJEIRAS, R. R.; MASUR, J. Escalas de Auto-avaliação de Estados Subjetivos: Influência das Instruções. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, n. 32, p. 87-90, 1983. 207p.
  • IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008 - Um Panorama da Saúde no Brasil, 2010, disponível em:<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressaophp?id_noticia=1580>. Acesso em 19 ago. 2010.
  • SILVA, P. Farmacologia, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 7ª ed., 2006, 1398p.
  • WHO - World Health Organization, disponível em: <http://www.who.int/topics/depression/en/>. Acesso em 19 de ago. 2010.
  • WFMH – World Federation for Mental Health, 2005 – Depression: The Painful Truth, disponível em: <http://www.breaking-through-barriers.com/po/survey.pdf>. Acesso em 19 ago. 2010.


*** Autor: Jeferson O. Salvi