Dando continuidade ao assunto, o propósito
deste artigo é o de fazer uma breve análise sobre o que avaliamos até agora.
O próprio tema (Depressão) exige que tenhamos
cautela e façamos uma pausa para que seja feita uma breve análise, principalmente porque se trata de algo delicado para aqueles
aptos a desenvolverem ou puxarem o gatilho que leva ao estado depressivo.
Dentre as variadas e inúmeras literaturas
disponíveis, gostaria de compartilhar um breve resumo de um artigo publicado na
edição 212 da Revista Mente e Cérebro (2010)*. A capa chama a atenção: “O lado
bom da Depressão”, logo de início podemos nos perguntar: existe um lado bom?
Claro que se considerarmos o estado depressivo como uma patologia sem cura ou
uma cruz a se carregar, a resposta é óbvia.
Os autores ressaltam a depressão como uma
resposta do corpo humano para adaptar-se e proporcionar melhores condições na resolução
de problemas. Tal capacidade foi preservada ao longo da evolução sendo o
rebaixamento do humor a expressão desta adaptação. Esta hipótese baseia-se na
composição química do cérebro, em específico o receptor 5-HT aonde se liga a uma
substância chamada serotonina diretamente ligada ao processo depressivo. Testes
em cobaias determinaram que aquelas desprovidas deste receptor apresentaram
menos sintomas depressivos, enfatizando que a preservação da molécula é de tão importância
que a seleção natural tratou de conservá-la ao longo dos milênios.
Alguns pontos importantes explicam e nos
levam a compreender os possíveis sinais ou sintomas apresentados por alguém
deprimido:
· O isolamento ajuda o deprimido
a evitar situações que o levariam a pensar em outros assuntos;
· A incapacidade de obter prazer
com sexo ou em outras atividades evita o envolvimento com o que tiraria o foco
do problema;
· A falta ou a perda do apetite
também tem o objetivo de livrá-lo da distração para que ele se concentre no que
realmente incomoda.
Afirmam ainda que as terapias mais
eficientes sejam as que incentivam os pacientes a observarem a essência dos próprios
pensamentos para que desta forma encontrem as soluções para os seus problemas.
Entender o que passa na mente de alguém com
Depressão certamente é tão difícil quanto conviver e tentar ajudar, todavia, relembro
o que foi discutido no primeiro artigo publicado neste blog e compartilho a ideia desta revista: sim existe um lado bom!
Na depressão a mente se torna mais analítica
e concentrada, apesar do sofrimento e da incapacitação momentânea que podem
interferir.
O mais importante é o auto-reconhecimento
de que algo está diferente, não propriamente errado.
Não há com que se envergonhar! Hoje em dia
não conversar com alguém capacitado para isto ou não buscar a informação, é meramente
ignorância ou desleixo. Sim! Porque são muitos os que se escondem atrás de
doenças buscando a atenção que julgam serem dignos, mas não encontram.
O que mais ouço durante as avaliações, apor
aqueles que acompanham pacientes em estados depressivos, na maioria das vezes “em off ”, é
que eles já não aguentam ou estão prestes a se tornarem depressivos também! Ou
seja, a consciência de que o coletivo ou mais pessoas possam sofrer junto,
quando não expressada, além de carência afetiva expressa o egoísmo dando
suporte.
Sentir-se deprimido, por tanto, deveria estimular a
auto-reflexão de que os sentimentos existem e de que existe uma reação à aquilo
ou ao conjunto daquilo que ocasionou o estado depressivo.
O objetivo é buscar soluções para enfrentar o problema sem camuflá-lo.
O objetivo é buscar soluções para enfrentar o problema sem camuflá-lo.
A filosofia chinesa em relação aos
sentimentos, a qualquer que seja, em síntese determina: sinta-os mais os deixe partir! Ou
seja, se estou triste devo chorar, devo reconhecer que sou sensível como
qualquer outra pessoa (e às vezes por muito menos) e deixar a tristeza ir
embora! Com a felicidade é a mesma coisa! Quem nunca se incomodou com aquela
pessoa que expressa felicidade excessiva? Si recebo uma notícia boa hoje, ótimo!
Comemoro, mas amanhã não preciso continuar comemorando, apenas interiorizo esta
felicidade e me ponho disponível ao que venha acontecer futuramente, vivendo o
presente. Não preso ao passado nem ao futuro.
Namastê!
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
- Andrews, P. W. and Thonson, J. A., Revista Mente e Cérebro nº212, 2010.
*Segue o link da revista, caso alguém tenha interesse em adquirir: (https://www.lojaduetto.com.br/produtos/?idproduto=1608&action=info)